
6 cuidados fundamentais com animais idosos
A população de animais de estimação nos lares brasileiros já ultrapassa 149 milhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil. Desse total, 20% são considerados idosos. Com os avanços na medicina veterinária e a crescente atenção dos tutores, cães e gatos, especialmente, estão vivendo cada vez mais.
Em média, os felinos vivem de 14 a 15 anos. Aqueles que são cuidados e passam a maior parte do tempo dentro de casa tendem a ter uma vida mais longa, podendo ultrapassar os 20 anos. No caso dos cães, a média fica entre 10 e 13 anos, dependendo do porte do animal, com alguns alcançando entre 18 e 20 anos.
Essa longevidade tem relação direta com o espaço afetivo que os animais ocupam, sendo considerados parte da família, refletindo na forma como são cuidados. “A medicina veterinária evoluiu, mas o olhar mais atento dos tutores, principalmente após a pandemia, também tem sido fundamental para aumentar o tempo de vida dos pets“, explica Leonardo Veiga, professor do curso de Medicina Veterinária da UniSociesc.
Importância dos cuidados preventivos
Leonardo Veiga destaca que o cuidado preventivo deve começar desde cedo, para o animal chegar à velhice o mais saudável possível. As visitas regulares ao veterinário e os check-ups periódicos são fundamentais para manter a saúde dos pets. “É importante que a ida ao consultório seja realizada, pelo menos, uma vez por ano quando ele é jovem, e passe para cada seis meses na fase sênior”, orienta.
Entre os exames recomendados, estão os de sangue e de imagem, que ajudam a monitorar o funcionamento de órgãos vitais como fígado, rins e coração. “Quanto antes identificamos uma alteração, melhor conseguimos tratar. A chance de sucesso é muito maior”, explica. Além disso, com a disponibilidade de atendimento domiciliar, muitos animais, principalmente os idosos, podem ser acompanhados com mais conforto, sem sair de casa.
Sinais do envelhecimento
O processo de envelhecimento varia entre cães e gatos e entre as raças. Cachorros de grande porte envelhecem mais rápido e, por isso, precisam começar os check-ups a cada seis meses mais cedo, por volta dos cinco anos. Já os cães de pequeno porte e os gatos podem iniciar o monitoramento semestral a partir dos sete anos.
Saber reconhecer os sinais naturais da velhice é fundamental para diferenciar o que é próprio do avanço da idade e o que pode indicar doenças. Segundo Leonardo Veiga, alguns indícios normais são os pelos do rosto ficando brancos, a pele mais flácida e um leve cansaço ao andar. Contudo, há comportamentos que não devem ser atribuídos apenas à idade.
“É um mito achar que o animal velho não brinca. Se ele parou de interagir, de correr, se está dormindo o dia todo, isso não é um sinal de velhice, é um sinal de alerta. Pode indicar dor, alteração articular ou outro problema de saúde. Os pets idosos ainda gostam de brincar, de passear. Só que num ritmo diferente”, esclarece.
Doenças relacionadas ao envelhecimento
Com o aumento da expectativa de vida, problemas que antes eram raros entre os pets tornaram-se mais frequentes. Entre os mais comuns, estão as doenças endócrinas, como disfunções hormonais, as neoplasias (tumores) e as doenças articulares. “Hoje, é comum atendermos cães com 16, 18 anos e gatos com mais de 20. E quanto mais tempo vivem, maior o risco de desenvolverem doenças relacionadas à idade. Por isso, o acompanhamento regular é essencial”, comenta Leonardo Veiga.
As doenças articulares merecem atenção especial. Muitas vezes, a dificuldade para andar ou a apatia é atribuída erroneamente à velhice, quando, na verdade, são sintomas de dores nas articulações. “Essas dores podem ser tratadas, aliviadas, e o animal pode voltar a ter qualidade de vida”, afirma.

Exercícios e estímulos para uma velhice ativa
Assim como os humanos, os animais idosos também precisam manter-se ativos. A perda de massa muscular é comum com o passar dos anos, mas pode ser minimizada com atividade física orientada. “Caminhadas leves, fisioterapia e até brinquedos interativos ajudam”, recomenda o professor, que completa: “estimular os pets com carinho, brincadeiras e até mudanças sutis no ambiente doméstico, como rampas ou caminhas mais baixas, também contribui para o bem-estar físico e emocional”.
Acompanhamento veterinário
A principal recomendação que Leonardo Veiga dá aos tutores que querem garantir uma vida longa e saudável ao seu pet é simples, mas poderosa: investir no vínculo com o veterinário. “Escolha um profissional de confiança, com quem você possa conversar e que entenda o histórico do seu animal. Esse acompanhamento contínuo é o segredo para antecipar problemas e manter a qualidade de vida do animal”.
Cuidados com animais idosos
Cuidar de um pet idoso é um compromisso de amor e responsabilidade. “Com acompanhamento veterinário, carinho, atividade física e atenção aos sinais do corpo, é possível oferecer aos nossos companheiros de quatro patas uma velhice digna e cheia de bem-estar”, conta o professor.
Abaixo, confira alguns cuidados importantes com animais idosos!
1. Acompanhamento veterinário frequente
Pets idosos precisam de consultas regulares — pelo menos a cada seis meses — para detectar precocemente doenças comuns da idade, como problemas renais, cardíacos, articulares e tumores. Nessa fase, exames de sangue, urina e imagem se tornam ainda mais importantes.
2. Alimentação adequada à idade
A dieta deve ser adaptada às novas necessidades do organismo. Rações específicas para pets seniores contribuem para manter o peso ideal, preservar as articulações e facilitar a digestão. Em alguns casos, o veterinário pode indicar suplementos nutricionais.
3. Cuidados com mobilidade e conforto
Artrite e desgaste muscular são comuns na velhice. Tapetes antiderrapantes, caminhas ortopédicas e fácil acesso à comida, água e áreas de descanso fazem diferença no dia a dia. Escadas e pisos escorregadios devem ser evitados.
4. Estímulo mental e físico
Mesmo com menor disposição, os pets precisam se manter ativos. Caminhadas curtas, brincadeiras leves e atividades de estímulo mental ajudam na saúde cognitiva e evitam o tédio e a depressão. Fisioterapia e brinquedos interativos ajudam na mobilidade, na saúde mental e na qualidade de vida.
5. Atenção redobrada a mudanças de comportamento
Alterações no apetite, sono, humor, locomoção ou comportamento (como isolamento, apatia e dificuldade para andar) podem indicar dor, desconforto ou doença — e não apenas “idade”. Observar e relatar essas mudanças ao veterinário é essencial para um diagnóstico rápido.
6. Vínculo, carinho e atenção
Afeto, paciência e um ambiente tranquilo fazem toda a diferença para o bem-estar dos pets na terceira idade. Uma boa relação com o veterinário também contribui para uma longevidade com mais qualidade de vida.
Por Genara Rigotti